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A influência das novas tecnologias no jornalismo

O desenvolvimento excepcional dos meios de comunicação e das novas tecnologias se tornou papel relevante na vida profissional de todos os jornalistas de todo o mundo.

Entende-se que “A Internet, enquanto nova esfera da opinião pública (à escala global), permite a democratização da difusão de comunicação.” (TRAVASSOS, 2008). Por meio da internet há a possibilidade da utilização instantânea de aparelhos como uso da câmera digital portátil, o celular e o netbook para a produção e veiculação de alguma noticia com sucesso para qualquer lugar existente.

A mobilidade da miniaturização da tecnologia, perante os celulares e afins, permitiu certamente a individualização dos processos de comunicação.  Esta desmedida revolução tecnológica que abrevia e multiplica o tempo dos repórteres em detrimento das noticias, facilita atividades que antes tomavam muito tempo. Da maneira rápida, atualmente se pode transmitir uma matéria fresquinha em mobilidade recorde, proporcionando assim maior acesso a noticia por parte do leitor internauta, no caso de mídias digitais.

O jornalista em eras digitais tornou-se o ser completo, aquele que enxerga a pauta, fotografa o ocorrido, pesquisa onde está, edita e publica a noticia num piscar de olhos; tudo isso em apenas um único profissional. O jornalista hoje, nada mais é que um repórter móvel, que tem capacidade de absorver e se auto aplicar vários fatores que antes (ou ainda) podem ser distribuídos por editores e pauteiros. Para Carrato:

“os novos tempos nos obrigam a contribuir para a formação do chamado jornalismo pleno. Vale dizer: o profissional capaz de trabalhar várias mídias e linguagens (CARRATO, 1998, p.26) apud (VICCHIATTI, 2005, p. 51)

 Com o surgimento das novas tecnologias, também ampliou-se a perspicácia da pesquisa e produção da informação; desse modo, sem sair da redação o repórter pode apurar, pesquisar e retirar informações para uma determinada matéria em especifico. O jornalista também pôde se transformar num profissional multitarefa, pois, as necessidades do mercado fizeram com que ele sofresse o impacto da nova rotina produtiva, e se aperfeiçoa-se nessa nova empreitada tecnológica, onde jornalismo, tecnologias móveis e mobilidade fazem uma combinação excelente.

Esta nova empreitada sofre de transformações contínuas, o jornalista neste tempo de tecnologias renovadoras deve sofrer uma permanente reciclagem, de maneira atualizadora do jornalismo profissional constante. Além do domínio das ferramentas tecnológicas, é indispensável que o bom jornalista tenha a capacidade de elaborar pensamentos de cunho críticos consistentes, este requisito fará a diferença entre o profissional de jornalismo de credibilidade e o ser comum especulador e distribuidor de informação.

 

“[…] todas estas inovações tecnológicas geram condições infinitamente superiores para a qualidade do trabalho do jornalista, mas, ao mesmo tempo, exigem, pelo dinamismo, velocidade e diversidade de sua evolução, uma permanente reciclagem atualizadora do jornalismo profissional, principalmente sob o ponto de vista estético e ético.” (VICCHIATTI, 2005, p. 98)

 

O surgimento das novas tecnologias fez com que as mídias tradicionais percebessem a importância do investimento relacionado à atualização das tecnologias existentes e usadas até então, para acompanhar plenamente a ritmo das transformações dos novos modelos comunicacionais.

Estas novas tecnologias que passaram a ser investidas no ramo jornalístico são capazes de proporcionar resultados e condições extraordinariamente melhores para a qualidade e potencial do trabalho jornalístico. Pois uma nova tecnologia sempre amplia o potencial do jornalismo, além de ser um ponto determinante na proximidade com o publico.

O desenvolvimento digital caminha a passos largos em direção a mídia. Suspeita-se de um possível receio do jornalismo impresso em relação a toda essa modernidade surgida em direção ao fortalecimento do jornalismo na internet. Entende-se que a morte do jornal impresso não estará por perto a menos que ele não domine a plataforma da nova mídia. Segundo Rosa, nos próximos anos é possível que ocorra alguma mudança no setor impresso do jornalismo, tais como a: “a reinvenção do impresso, dos títulos mais tradicionais aos mais recentes, incluindo os populares e as mudanças estratégicas para o meio digital frente aos desafios técnicos e editoriais” (ROSA, 2007)

Em relação a isto, Costa também nos dá sua colaboração mais que importante quando afirma sobre os receios dos meios de comunicação em relação a alguma novidade bombástica ocorrida nos setores midiáticos, com humor ele revela o que muitas vezes não conseguimos enxergar, ele afirma: “A internet iria matar a indústria do jornal e da revista. No entanto, o jornal não matou o livro, a televisão não matou o rádio, o DVD não matou o cinema.” (COSTA, 2006, p. 21)

A interatividade provinda das novas tecnologias:

Com o surgimento das novas tecnologias surgiu-se também o que chamamos de interatividade relacionada ao internauta. Esta interatividade proporciona uma maior participação do público, em termos de noticias, o internauta munido das ferramentas modernas e tecnológicas também pode fazer o papel do jornalista como difusor de conhecimento. O que fará a diferença entre a publicação do jornalista formado e o simples internauta caseiro é a qualidade, credibilidade, confiança e reputação do emissor e, por conseguinte, da matéria veiculada.

No caso do internauta caseiro, há a possibilidade de publicação de matérias para as audiências de nicho dos blogs individuais, ou até mesmo exposição local, regional, nacional e em alguns casos até mundial. Dessa forma, as novas tecnologias dificultaram a seriedade das noticias, pois dessa maneira, o publico já não é mais somente passivo, ele agora pode veicular as noticias que presencia. Para Costa “O público não precisa mais ser passivo. Deixou de ser mero espectador, de ser destinatário. Participa.” (COSTA, 2006, p. 29)

A interatividade e participação do internauta/leitor caracterizam características de como as novas tecnologias influenciam o modo de se fazer jornalismo hoje em dia. Agora mais do que nunca o jornalista tem a necessidade de proporcionar a segura credibilidade ao leitor.

O jornalista profissional para não ficar na mão em tempos modernos de novas tecnologias deverá utilizar com todos os métodos cabíveis e éticos para fazer funcionar o motor propulsor das informações jornalísticas, de maneira clara e objetiva, com excesso de fontes e alto grau de credibilidade entre o público.

 

BIBLIOGRAFIA:

COSTA, Caio Túlio. Por que a nova mídia é revolucionária. LÍBERO – Ano IX – nº 18 – Dez, 2006. Disponível em: http://revcom2.portcom.intercom.org.br/index.php/libero/article/viewDownloadInterstitial/4618/4344 Acesso em: 09/06/2011

MOREIRA, Oldemiro. Novas tecnologias, jornalismo e a mudança de paradigma. Disponível em http://liberal.sapo.cv/noticia.asp?idEdicao=64&id=25066&idSeccao=527&Action=noticia Acesso em 09/06/2011

ROSA, Leonardo Siqueira da. HIPERTEXTO, Um novo cenário para a comunicação, 2007. Disponível em: http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/um-novo-cenario-para-a-comunicacao Acesso em: 09/06/2011

TRAVASSOS, Érika. O jornalismo e as novas tecnologias. Revista eletrônica Temática. Disponível em: http://www.insite.pro.br/2008/24.pdf Acesso em 09/06/2011

VICCHIATTI, Carlos Alberto. Jornalismo: comunicação, literatura e compromisso social. São Paulo. Paulus. 2005.


Análise do capítulo A Jornada de um Serendipitoso do livro Fama e Anonimato de Gay Talese

Este trabalho busca analisar o capítulo A Jornada de um Serendipitoso do livro Fama e Anonimato (escrito no início dos anos 60 e lançado no Brasil em 1973) do jornalista norte-americano Gay Talese. Esta breve analise será composta a partir das observações da possível ocorrência de marcas de subjetividade do autor, contidas no texto. Também serão elucidadas as marcas de temporalidade dos relatos demonstradas por Talese, além de tomar como foco principal as características da literaturidade que o texto apresenta.

O livro Fama e Anonimato faz parte de uma nova faze do jornalismo mundial, denominada de “new jornalism”. Por meio desta nova concepção de jornalismo, Gay Talese consegue despertar interesse e conseguir capturar a atenção dos leitores logo nas primeiras linhas do texto. Trata-se de uma reportagem aludida pela literatura, no qual são retratadas características da literatura sobre fatos reais, de forma precisa, sem deixar o fato e a informação jornalística de lado. Como resultado temos a descrição e o foco em terceira pessoa, de modo a proporcionar uma leitura que desperta a atenção e que possuí a qualidade de prender o leitor, não só pelos dados curiosos, mas por todo contexto que apresenta. Conceitua-se que:

“os limites que separam o jornalismo da literatura estão sendo transpostos em busca de uma narrativa esteticamente mais competente. Essa transposição surge do fato de alguns jornalistas ao não se contentarem em seguir os esquematismos de fórmulas rígidas de construção de narrativa jornalística, procurarem lançar um olhar inquieto às determinações de regras fechadas e buscarem enunciações atrativas com competência técnico-artística.” (VICCHIATTI, 2005, p. 83)

Chamamos aqui de “literárias” estas enunciações atrativas com competência técnico-artística citadas por Vicchiatti. Este new jornalismo em questão modificou a linguagem jornalística, fazendo com que ela, de maneira excepcional se assemelhe a  literatura ficcional. Por conseguinte, Talese faz com que suas reportagens sejam lidas de modo semelhante a um conto, onde o leitor se sente inserido na história. Nesta nova linguagem new jornalística, autor passa então a “descrever a realidade tão detalhada e fielmente quanto possível, conferindo a tal descrição um tratamento até então destinado ao romance ou ao conto.” (VICCHIATTI, 2005, p. 86). Nas palavras do próprio autor:

“Tento absorver todo o cenário, o diálogo, a atmosfera, a tensão, o drama, o conflito e então escrevo tudo do ponto de vista de quem estou focalizando, revelando inclusive, sempre que possível, o que os indivíduos pensam no momento que descrevo”. (Talese em Novo Jornalismo, 2000) apud (ABREU, Allan. New Journalism: A Experiência literária no jornalismo. Disponível em: <http://criticaecompanhia.com/allan.htm> Acesso em: 01/06/2011)

Noblat no livro A arte de fazer um jornal diário dá um conselho ao leitor jornalista: “Escrevam uma notícia ou uma reportagem como se contassem uma história a um amigo.” (NOBLAT, 2008, p. 82). Talese como ótimo observador e ouvinte por excelência seguiu a risca este principio de forma a caracterizar com precisão como é efetuada a presença da participação ativa do narrador. Nas palavras de Talese percebe-se que o uso do ponto de vista, no qual se descreve a cena através de um determinado ângulo, é um dos principais fatores da modalidade do new jornalism utilizada por ele.

A Jornada de um Serendipitoso, como produto de jornalismo, caracteriza a matéria fria e não factual. Nela existe a “costura” do texto, cena a cena, no qual um assunto puxa o outro. Trata-se de uma obra que não se acaba após uma leitura de cada relato ou noticia, pode-se lê-la em qualquer momento, é atemporal. Escrita no inicio dos anos 60 permanece válida aos dias de hoje. No capítulo, há um trecho interessante, em que se refere a uma determinada noticia (que não vem ao caso especifica-la) relatada:

“Os jornais que noticiaram o sensacional caso tinham servido para embrulhar lixo fazia tempo, e estavam todos sepultados num aterro sanitário” (TALESE, 2004, p. 56) dessa maneira, Talese nos mostra como o jornalismo diário e factual é efêmero e tem validade. No caso de Talese, o novo jornalismo que ele prega é eterno, ele vira livro, obtém reconhecimento e é duradouro. Sobretudo, não embrulha o lixo no aterro sanitário, mas aquele que efervesce nas mentes de milhares de pessoas, todos os dias pelo mundo.

Talese é um profissional capaz de uma comunicação excessivamente competente. Ele emprega uma articulação narrativa complexa, utilizando de historias de vida, são os casos, que caracterizam as personagens que sofrem a ação da noticia. No capítulo, nota-se que um dos objetivos do autor foi o de retratar a vida subjetiva das personagens. Em relação a isso, Noblat também comparece com outro conselho: “Tudo que puder ser humanizado deverá sê-lo. Não esqueçam que a noticia é uma historia. E que agente gosta de ler histórias sobre gente.” (NOBLAT, 2008, p. 75) ele ainda complementa – “Ponham gente em suas matérias, Gente gosta de ler história de gente. Ponham odores, descrevam ambientes, apeguem-se a detalhes” (NOBLAT, 2008, p. 108). Talese, em concordância com Noblat, expõem, descreve e retrata no livro as observações minuciosas das situações vividas pelos diversos personagens abordados. “Em Nova Yorkvocê encontra todo tipo de gente.” (TALESE, 2004, p. 58) principalmente pessoas com hábitos diferentes.

Em complementação as histórias de vida das pessoas, Talese utiliza em demasia, a própria visão e ponto de vista e avaliação, adjetivos e descrição da personagem por meio de subjetividade. Observe nos trechos abaixo:

“O homem mais alto de Nova York, Edward Carmel, mede dois metros e meio, pesa 215 quilos, come feito um cavalo e mora no Bronx.” (TALESE, 2004, p. 74). Edward Carmel foi avaliado por Talese como o homem mais alto do mundo, em quesitos de avaliação subjetiva, não foi citado nenhuma espécie de feito comprobatório em relação à altura do homem, como exemplo “segundo o Guiness Book”. A altura e o peso retratam padrões de cunho estatístico e descritivo, no caso, peso e altura, não utilizados costumeiramente pelo jornalismo factual tradicional. Comer feito um cavalo transparece a visão individual do autor, alem de uma comparação, trata-se de um adjetivo, disfarçado de pseudo eufemismo, no caso para não chamá-lo de faminto, esfomeado ou então esganado, pois se sabe que “Um cavalo de 545 quilos come num só dia 6,8 quilos de feno e 4,1 quilos de grãos.” (Costumes e mitos. Disponível em: http://www.felipex.com.br/costumes_mitos06.htm> Acesso em: 01/06/2011)

Compreende-se que fica caracterizada a descrição subjetiva e a imensa quantidade de adjetivos do personagem por parte do autor. Alem de abordar o ser humano em diversos contextos, ele utiliza a descrição e o foco em terceira pessoa, para descrever os dados curiosos das personagens que sofrem a ação da noticia:

“Sr. Kyle (…) Ele é um homem baixo e troncudo que anda com os ombros inclinados para trás, tem o queixo protuberante e o rosto quase sempre franzido.” – “Seu estilo é direto; suas palavras, breves e objetivas.” (TALESE, 2004, p. 88)

“Nova York é uma cidade para excêntricos e uma central de pequenas curiosidades.” (TALESE, 2004, p.19)

“John Muhlhan cheira feno e cobra por hora de trabalho; ele é considerado um dos maiores conhecedores de feno para cavalos do país.” (TALESE, 2004, p. 97)

Entende-se que “noticia é todo fato relevante que desperte interesse público.” (NOBLAT, 2008, p. 31). Para Talese esse interesse publico vai muito além dos ideais factuais do dia a dia. Para ele há a intensa valorização da importância das histórias bizarras; por meio delas há o despertar da atenção em relação a leitura. Alem de apresentar marcas do autor, essas histórias prendem o leitor com informações e dados curiosos, algumas vezes trágicos também. “Raphael Torres, furioso porque um ônibus não parou para ele, entrou num Taxi, conseguiu alcançar o motorista do ônibus – e o esfaqueou.” (TALESE, 2004, p. 114). Para Noblat “a noticia esta no curioso, não no comum (…) no drama e na tragédia e não na comédia ou no divertimento.” (NOBLAT, 2008, p. 31). Talese aborda a tragédia e curioso de maneira excelente, de forma fora do comum.

As estatísticas são resultantes de investigações precisas e árduas buscas de dados, pois “Sem investigação não se faz jornalismo de qualidade.” (NOBLAT, 2008, p. 45. Talese investigador de carteirinha, utiliza das estatísticas como um dos principais chamarizes do curioso em seu texto. Basicamente em quase todas as historias elas estão presentes. As estatísticas fazem parte do perfil positivista que compõem um dos viés que proporcionam qualidade a narrativa ou reportagem; além de pressupor credibilidade jornalística. No new jornalism de Talese há o exagero detalhado de informações estatísticas, exemplo:

“Todo dia os nova-iorquinos enxugam 1,74 milhão de litros de cerveja, devoram 1,5 mil toneladas de carne e passam 34 quilômetros de fio dental entre os dentes. Todo dia morrem cerca de 250 pessoas em Nova York, nascem 460, e 150 mil andam pela cidade com olhos de vidro.” (TALESE, 2004, p. 20)

Além de contar histórias e descrever pessoas, a  presença de figuras de linguagem no capítulo analisado, é um dos componentes do new jornalism provindos da literatura. Temos a comparação dentre as mais usadas por Talese. A comparação acontece quando entre dois termos, existe a presença do conectivo como, observe:

“quando chove os edifícios da cidade de certa forma parecem mais limpos – banhados num tom opalino, como uma pintura de Monet.” (TALESE, 2004, p. 29)

“Vê passageiros de pé, pendurados nas alças como quartos de boi no açougue” (TALESE, 2004, p. 43)

Além das figuras de linguagem, o autor também utilizou das funções de linguagem, como por exemplo a função fática ou de contato. Talese retratou bem a utilização da função fática no dia a dia das personagens, e que por conseguinte, também se aplica ao cotidiano das pessoas existentes fora do livro. A função fática da linguagem é aquela em que a personagem emite/diz algo com o intuito de produzir um canal de conversa em prol da certificação do contato estabelecido, na qual possa ser prolongado posteriormente com outro assunto. Os vícios e manias mais comuns da população de função fática são em relação ao tempo. Talese já diz “grande cidade da Conversa Sobre o Clima.” (TALESE, 2004, p.53). O autor, ciente do fato, não perde tempo em fazer transparecer um ar demasiadamente cômico em relação ao tempo e a função fática quando afirma que:

“Aconteceu uma coisa inesperada às 14h49 do dia 12 de maio, uma quarta-feira, numa grande área de Manhattan: faltou luz e, em muitos bairros, a escuridão cobriu tudo, os religiosos pararam, a cerveja esquentou, a manteiga amoleceu e as pessoas ficaram conversando agradavelmente à luz de velas em salas sem televisão. Foi uma beleza. As pessoas tinham uma coisa diferente para comentar (…) Só os cegos continuaram sua rotina normalmente.” (TALESE, 2004, p. 53)

Talese alem de zombar comicamente da função fática, enfatiza como será divertido haver um canal e ponte de comunicação diferentes após o ocorrido. Desta vez (menos para os cegos) não será o tempo o canal, mas sim a falta de luz que amoleceu a manteiga e esquentou a cerveja da população.

Independente do estilo de jornalismo a ser seguido, a formação do jornalista é projetada a partir da percepção do papel singular de produtor de conhecimento e de cultura que ele representa. Pois o jornalista nasceu “Para informar as pessoas. Também para instuí-las e diverti-las.” (NOBLAT, 2008, p. 12). Nesse sentido, Talese também utiliza o new jornalism com o intuito da informação e instrução, por exemplo, quando cita o papel histórico formado pela ponte George Washington:

 “Pouca gente sabe que a ponte foi construída numa área onde os índios costumavam passar, onde se travavam batalhas e onde, durante os primeiros tempos da colônia, piratas foram enforcados às margens do rio, para servir de advertência a outros marujos imprudentes.” (TALESE, 2004, p. 33)

O bom jornalista “Ao contrario daqueles macaquinhos chineses, eles têm de ver, ouvir e contar – de preferência contar bem, em texto de qualidade.” (DANTAS, 2004, p. 10). É o que faz direitinho Talese, observador por excelência, faria milhares de porteiros nova yorkinos morrerem de inveja dos seus textos de qualidade provindos de observações minuciosas e precisas, e o melhor, mega profissionais. Talese afirma que “Em geral os porteiros […] constituem um grupo de obsequiosos e articulados diplomatas de calçada” (TALESE, 2004, p.27). E complementa:

O porteiro do Sardi’s ouve os comentários dos espectadores das estréias, que passam pelo bar depois do ultimo ato. Ele ouve de perto. Atentamente. Dez minutos depois de cair o pano, ele é capaz de dizer quais espetáculos serão um fracasso e quais serão um sucesso.” (TALESE, 2004, p. 20)

 

O jornalista, ciente do real papel singular de produtor de conhecimento que representa, tem a obrigação de divulgar a informação preciosa, aquela que o leitor não sabia ou não parou pra ver, além de fazê-lo pensar em coisas que não tinha pensado (ou não tinha pensado naqueles termos). Isto é jornalismo. E isto também é new jornalism. Para tal façanha, o new jornalism necessita de grande parcela de imaginação por parte do jornalista, pois “Imaginação é a palavra-chave. Sem ela, o jornalismo não enxerga além do fato.” (NOBLAT, 2008, p.78). É importante obter alta qualidade da “visão jornalistica”, aquela dotada de um olhar que foge aos lugares-comuns. Em suma “Tudo deve ser observado. E o relevante, publicado.” (NOBLAT, 2008, p. 70).

“Bem – aventurados serão aqueles que repensarem seu conteúdo para acompanhar as transformações do mundo onde operam a capturar novos leitores.” (NOBLAT, 2008, p. 26). Talese pode ser caracterizado como um bem aventurado neste sentido, pois é um dos pioneiros neste ramo de jornalismo literário. Além de capturar novos leitores para a modalidade jornalística diariamente, Talese utiliza de arte manhas literárias para uma construção da nova narrativa do jornalismo, podemos citar o fato de contar histórias, descrever pessoas, a atemporalidade, as figuras e funções da linguagem, a subjetividade, a adjetivação e o detalhamento da ambientação e de perspectiva (próximo ao conto) etc. Observa-se que o importante é sempre dar “ênfase na batalha por um jornalismo (…) mais preocupado em provocar perspectivas no leitor.” (PIZA, 2009, p. 09).

Sem sombra de dúvidas, o livro fama e anonimato “É literatura da melhor e reportagem da melhor.” (DANTAS, 2004, p. 13)

 

Referências bibliográficas:

DANTAS, Audálio. Repórteres. São Paulo. Senac. 2004.

NOBLAT, Ricardo. A arte de fazer um jornal diário. São Paulo. Editora Contexto. 2008.

PIZA, Daniel. Jornalismo cultural. São Paulo. 2009.

TALESE, Gay. Fama e anonimato. São Paulo. Cia das letras. 2004.

VICCHIATTI, Carlos Alberto. Jornalismo: comunicação, literatura e compromisso social. São Paulo. Paulus. 2005.

Documentos eletrônicos:

ABREU, Allan. New Journalism: A Experiência literária no jornalismo. Disponível em: <http://criticaecompanhia.com/allan.htm> Acesso em: 01/06/2011

Costumes e mitos. Disponível em: http://www.felipex.com.br/costumes_mitos06.htm> Acesso em: 01/06/2011


Solucionando a crise (assessoria de imprensa)

Diante do momento de crise, existem algumas ações a serem tomadas. Primeiramente há a necessidade que haja uma nota a imprensa, ou, por conseguinte, a existência de uma coletiva de imprensa, abrangendo diversos meios de comunicação, a fim de realmente especificar realmente o ocorrido para todos os veículos, sem distinção.

A nota para a imprensa deverá conter o posicionamento da empresa sobre o assunto, incluindo as informações essenciais e principais como as causas e conseqüências do que ocorreu. Se o caso ainda não estiver solucionado por completo, será necessário outros posicionamentos ou releases, elaborados nos dias subseqüentes (disponibilizados com hora marcada no site da empresa por exemplo).

A nota para a imprensa deverá ser feita após a primeira reunião do grupo acionado para o comitê de crise, de preferência o mais rápido possível para evitar comentários e especulações errôneas e difamatórias do publico curioso e linguarudo a respeito da empresa. Este comitê deverá conter pessoas de diversos setores, tais como, diretoria, jurídico, operacional, comunicação etc. O porta-voz escolhido anteriormente a crise, será devidamente orientado do procedimento de divulgação das informações a ser seguido.

O porta-voz pode ser o diretor ou um membro do comitê de crise. Ele é uma das peças chave diante da crise. É importante que o porta-voz estabeleça objetivos de providências em curto prazo e que esteja preparado seriamente para atender a imprensa de forma satisfatória. O porta-voz, devidamente preparado e capacitado por treinamento do assessor de imprensa, deverá responder as questões dos jornalistas da coletiva em relação ao contexto da crise; direcionado ao esclarecimento do fato, de modo a minimizar ou evitar prejuízos à imagem da empresa.

Ele deve dizer sempre a verdade sobre o ocorrido, especificar o que aconteceu, a dimensão do público afetado, a estimativa de extensão do problema e se a empresa teve culpa ou não, além de outros aspectos inerentes ao problema. Sobretudo de forma coerente, de maneira que a informação emitida seja a mesma por parte de toda a comissão da crise (inclusive pelo publico interno trabalhador da empresa, de forma padrão), clara e objetiva.

Um dos papéis principais do porta-voz é o de tornar visível o consistente comprometimento da empresa com a opinião pública e com a sociedade. É importante que o porta-voz cite qual será o método e forma na qual ocorrerá o ressarcimento do prejuízo para o cliente prejudicado. No caso da Telefônica pode ser indicado que haja um desconto especifico na próxima conta do cliente a pagar; a fim de estabelecer sempre o bom relacionamento cliente/empresa.

O comitê de crise e a assessoria deverão acompanhar constantemente a evolução da crise na Opinião Pública. Não esquecendo, é claro, da retirada das propagandas em exercício durante um período de tempo determinado pelo comitê.

No pós-crise é indicado que seja elaborado uma pesquisa de imagem em prol de avaliar possíveis prejuízos sofridos a empresa, para que conseqüentemente seja iniciado um trabalho amplo de recuperação da imagem, de forma a revitalizar com sucesso a credibilidade da empresa.

 

Jéssica Cegarra


Web 3.0

Para os blogueiros de plantão, o novo termo surgiu na tentativa de definir algo que ainda nem existe. No entanto, a web 3.0 teve como proposta de existência, ser a terceira geração da internet. Cogita-se que seja implantada entre um período de cinco a dez anos.

Essa nova geração foi batizada pelo jornalista John Markoff, que empregou o termo pela primeira vez em um de seus artigos publicados pelo jornal New York Times.

A web 3.0 possui foco maior na estrutura dos sites e pretende ser de maneira inteligente, a melhor organização do uso de todo conhecimento resoluto na internet. Além de idealizar a convergência de várias tecnologias de maneira inteligente e matura, seria como um mar de dados. Dessa maneira a World Wide Web (rede mundial) passaria entao a ser World Wide Database (base de dados mundial).

Atualmente estão em cursos inúmeros projetos académicos sobre o assunto. No Brasil, na PUC-Rio esta trabalhando pioneiramente para o bem da Web 3.0, sistematicamente com ênfase na língua portuguesa.


Web 2.0

 

A web 2.0 atualmente está em construção e não há um significado exato.  Alguns especialistas e críticos alegam que o conceito de web 2.0 é demasiado extenso, subjetivo, abrangente e vago. Afirmam também ser apenas uma evolução natural da internet e acreditam que o termo não passa de uma jogada de marketing.

O termo web 2.0 criado em 2004 pela empresa estadunidense O’Reilly Media. E caracteriza uma suposta segunda geração de serviços de internet World Wide Web. Tem a web como plataforma e dispõem de conteúdo dinâmico e flexível. Nada mais é do que o período que a internet do mundo vive hoje, focada nos mecanismos de busca como Google, redes sociais, aplicativos baseados em folksonomia, redes sociais e Tecnologia da Informação.

Essa nova geração reforça o conceito de troca de informações e de internet participativa, como por exemplo, a Wikipédia, na qual os próprios internautas disponibilizam as informações, o usuário participa deste processo dando sugestões, reportando erros e aproveitando as melhorias constantes. O outro exemplo é o Vc Repórter do Portal Terra.

Os Blogs foram umas das primeiras ferramentas de web 2.0 a serem usadas amplamente. Atualmente temos aplicativos mais modernos como os AdSense, Ajax, Mash-ups, RSS, Tagging [rotulação], Wikis.

A web 2.0 gerou um grande impacto nos web sites, pois deu ao usuário a possibilidade de participar, de gerar e organizar as informações. No caso de conteúdos que não são gerados pelos usuários, eles podem enriquecer o texto com comentários. Hoje temos o Consumer-Generated Media (CGM) que é o conteúdo criado e divulgado pelo internauta, como o blogs e fotologs, comunidades, grupos, sites participativos, no YouTube, muito usados atualmente.

Em suma a Web 2.0 marcou o amadurecimento no uso do potencial da internet.


Resenha crítica do livro: Imagem – cognição, semiótica, mídia, de Lucia Santaella e Winfried Noth

Semiótica é o estudo dos signos, ou seja, as representações das coisas do mundo que estão em nossa mente.

 

De um lado, Lucia Santaella, coordenadora do doutorado e pós-doutorado em Comunicação e Semiótica da PUC-SP, e respeitada pesquisadora de comunicação do país. O currículo Lattes de Santaella é deveras extenso, poderá até ser capaz de travar seu navegador. De outro Winfried Noth, professor titular e decano da Faculdade de Línguas Modernas da Universidade de Kassel, na Alemanha. Ambos os autores de “Imagem – cognição, semiótica, mídia”. Livro este que começou com uma singela troca de artigos e livros publicados entre os autores. O interesse mutuo nas pesquisas e a complementariedade entre os assuntos, fizeram com que Santaella e Noth explorassem aquilo que há de diferença na semelhança dos estudos de ambos.

A imagem é uma demonstração de como ser eloqüente. Ela é o meio de expressão da cultura humana desde a pintura pré-histórica, esta que não prescinde ao tempo. Na dificuldade de submeter à imagem a um exame analítico e uma plena investigação cientifica, surgiu esse volume, que em si, é capaz de dar conta da problemática dos signos visuais ou audiovisuais em toda sua plena extensão. Dentre seus objetos de estudo podemos citar a enorme variedade de possíveis atos comunicativos para os quais uma única imagem pode ser utilizada. As diferenças entre palavra e imagem também são abordadas de todas as maneiras com precisão. Temos também os gêneros imagéticos tradicionais, como a pintura ou fotografia, e as novas mídias, como o Holo, infográfica e a fotografia computacional, esta que atualmente é o maior desafio aos teóricos da imagem.

Santaella e Noth reúnem reflexões e fundamentações teóricas e analíticas de peso para uma abordagem séria das imagens. As principais correntes teóricas que examinaram o que eles chamaram de representação por imagens são citadas. Para Platão, as imagens não eram resultado da percepção, mas tinham origem na própria alma. Para Aristóteles, o pensamento é impossível sem imagem. Nomes como Foucault, Descartes, Derrida, Platão, Wittgenstein também estão fortemente presentes. Não podemos esquecer de Charles Pierce, no qual as teorias funcionam como um mapa de orientação para a leitura precisa de todos os tipos possíveis de signos, assim como nos diversos modos de aparição de uma imagem e da palavra.

A obra termina com um questionamento do valor da verdade nas imagens. Os autores concluem que as imagens podem ser usadas para asseverar ou enganar sobre fatos da dimensão semântica, sintática e pragmática. Com linguagem correta, culta, clara e coerente, a obra destina-se a estudantes e especialistas que lidam com o universo da comunicação e da publicidade, assim como quaisquer outros interessados em compreender os labirintos da variedade de possíveis atos comunicativos, para os quais uma única imagem pode ser utilizada.

Devido ao ótimo referencial bibliográfico e conceitual, para se ter uma compreensão mais satisfatória, sugere-se o conhecimento básico prévio das teorias de Charles Pierce. Em suma, a obra lança um pouco de luz no terreno movediço das comunicações visuais, dando conta dos signos visuais em toda extensão e profundidade. É uma ótima sugestão para situar o pesquisador que deseja adentrar-se com profundidade nas questões das representações e imagens.

Referências bibliográficas:

NÖTH, Winfried; SANTAELLA, Lúcia. Imagem: Cognição, Semiótica, Mídia. São Paulo: Iluminuras, 1998.


Tornar-Comum

Nas zonas cinzentas da imprensa, a verdade passou a não ser almejada mais que tudo. Temos o jornalista como uma máquina, direcionada para a fiel tradução da realidade. A verdade é a verdade do rebanho. Em direção aos interesses da massificação da informação, para atingir cada vez mais, um maior número de público.

A mídia nasceu com o intuito original na possibilidade de circular novas idéias e produzir interação dentre os que compartilhavam as mesmas convicções, pois todo comunicar é tornar-comum. Entretanto o caráter industrial atribuído ao jornalismo no inicio do século XX fez com que as técnicas individuais do jornalista não fossem levadas em consideração, traduzindo assim o jornalismo em mero relatório, com técnicas impessoais e com o único intuito de abreviar. O Profissional transformou-se em apenas um espectador da realidade e a Noticia transformou-se numa abreviação da própria vida.

A falta de experiência que invadiu o seio jornalístico, afeta a qualidade e prejudica toda a sociedade também nas novas tecnologias de informações, assim como uma celebração do amadorismo. Andrew Keen sugere que “a internet possa ser um pesadelo cultural”. Nem sempre o que se lê na internet pode ser levado a sério. A notícia que circula na web sobre o cancelamento do show da Beyoncé no Rio de Janeiro, creditada ao site do jornal O Globo, é falsa. Tivemos também as falsas noticias sobre vôo 447 e outra sobre o fenômeno Ronaldo, ambas usadas para roubar senhas bancárias de internautas. Nada escapa ao mercado no mundo capitalista em que vivemos. A blogosfera em si, virou um inconsciente coletivo.

A terra se transformou na maquinaria global dos interesses e rendimentos. Na crise do pensamento, duas vertentes passaram a comandar: a mídia que mostra a verdade e a que manipula. O ex-deputado Wallace Souza que o diga. Acusado de comandar uma máfia e de encomendar assassinatos para conseguir imagens para o programa de televisão na qual era apresentador. É em torno da lógica do dinheiro e da audiência, que passou a ser definida as relações entre as pessoas e a mídia.

Em uma sociedade inteligente, jornalistas não são simples observadores, mas participantes ativos de sua participação são atores dos fenômenos que reportam. O ideal seria que todas as mídias pudessem promover o debate, incitar a reflexão e provocar questionamentos de ordem intelectual e apelar para sua experiência singular, utilizando o conhecimento útil, provendo a seleção de noticias com qualidade, fazendo utilização dos filtros imaginários, que orientam o caminho jornalista, servidor do instante. 

A realidade é uma opinião. O jornalismo imparcial é impossível, e que se há uma realidade, ela é constituída pelo olhar de cada um de nós, trabalhadores do conhecimento.

by Jéssica Cegarra


O Poder da Mídia

O termo mídia começa a ser usado no Brasil na segunda metade do século passado e face ao nosso alto grau de colonização, passamos a grafar uma palavra latina, media, segundo a pronúncia de uma língua não latina, o inglês. Esta tendência é crescente, a tal ponto que falar César Parque, em vez de Cisar Park, soará como incorreção de um menos favorecido. È a vitória da alienação sobre a identidade, do certo contra o errado, acontecimento comum em tempos contemporâneos.

Tornou -se comum destacar o século XX como o marco consagrador do poder da mídia, como atributo do capitalismo moderno. Tendência destituída de qualquer real embasamento, pois o ocorrido no passado mais recente é apenas a explicitação de um fato longevo, dentro de um processo característico do pósmodermo, a dessacralização de todas as atividades. Não existe mais nenhum traço do idealismo Hegeliano, tudo se passa na relação material de troca como previu Marx. Na frase do Milton Friedmam “Não existe almoço de graça”.

Desnecessária a exemplificação, bastando lembrar a adoção pelos seguidores de Lutero, das práticas causadoras da reforma. Não mais se vende indulgências.  Pragmaticamente, se faz reservas dominiais na vida eterna em suaves mensalidades dizimais. Ainda no clima Hegeliano do início do século XX, falava-se da mídia escrita, como o quarto poder da democracia liberal, complementando os poderes executivo, legislativo e judiciário. A imprensa escrita (jornais) e, até certo ponto, a falada (rádio) tentam preservar os hábitos da beatitude, de um passado, mais cultuado do que recordado, pois a lembrança do que nunca houve é envolta no mofo do saudosismo, deveras sensível ao antibiótico da análise histórica.

A comunicação sempre esteve sob o domínio do poder economico, sendo a mídia, desde primitivas eras, a voz do poder econômico. Dos éditos romanos aos telejornais. Do Pravda (jornal da Russia na época comunista, quer dizer verdade) ao New Yorki Times. Das pinturas antigas às novelas televisivas. Tendo no mundo ocidental, o cristianismo sempre se associado ao poder econômico, nada mais lógico que as artes plásticas e a literária, veículos maiores da comunicação nas idades antiga e média, fizessem da religião o principal escopo de suas obras. O renascimento e o iluminismo se entregaram a tarefa hercúlea (de Hercules herói grego) de dar uma dimensão racional, ou mesmo científica, a dogmas e crenças, época em que a censura á liberdade de expressão considerou a oposição como heresia. Punida com inquisição ou fogueira.

A mídia nos tempos modernos pune preventivamente, revivendo a prática grega dos nossos primórdios, o ostracismo, ou a satanização, dos tempos medievais. A informação está subordinada a empresas comerciais, que, como patrocinadores tem exigências bem definidas: número de assinantes, ouvintes ou espectadores e doutrinação, subliminar, por exemplificação ou merchandising.

A parcialidade é disfarçada por atitudes teatrais dos âncoras ou locutores. Cada vez mais se usa o enxovalhamento humorístico, repetindo-se práticas do teatro grego e as sátiras de Racine (Teatrólogo Frances do sec. XVII). A mídia faz presidentes com Sassás Mutema (personagem da novela global que antecedeu a eleição de Collor na qual o PT era gozado na figura do Flavio Migliacio) ou pela beatificação de sindicalistas. Ou os derrubam com caras pintadas, Mônicas Levinsks ou sapatos de Imeldas ou Marias Teresas. Quando a sua voz, a mídia, não consegue discursar a contento, surgem os Lees Oswalds (assassino de John Kennedy), Jackis Rubis (Assassino do assassino do Bob Kennedy) Coronéis e Generais. Tudo isto, é obvio para benefício do povo.

            Não obstante todas as implicações negativas da mídia, na disputa pelo poder, não se pode negar a sua insuperável capacidade educativa. Movida mais pelo chamado comportamento politicamente correto do que por uma necessidade interior, a mídia ainda persuadi a massa no sentido de se enaltecer os programas voltados para o bem comum. São praticas compensatórias, verdadeiros paliativos para atenuar os males maiores cujo tratamento definitivo não interessa a um sistema de poder do qual a mídia sendo sua voz, dele faz parte.

Iniciativas do tipo “esperança da criança” “fundações marinhas em roubo aberto”, pirateiam consciências ingênuas, roubando-lhes este tesouro chamado reflexão. Outras iniciativas procuram colocar um halo de santidade em iniciativas antes tidas como populistas e assistencialistas. Dar sopa aos pobres, com legiões de boa ou má vontade é brega. Arrecadar alimentos em espetáculos beneficentes sob a égide de um homem Bentinho (dos Santos) é reverenciado como ato de grande nobreza. De tal forma, tais campanhas são consideradas meritórias que o simples questionamento das mesmas, é uma heresia sujeita às maiores sansões da mídia inquisitorial.

Mesmo aqueles artistas, atores, cantores e compositores, que ontem ostentavam a bandeira anteimperialismo, hoje não teme outra alternativa que não seja aderir, ou, pelo menos, não combater. A mídia já não circunscreve aos limites da comunicação. Imediata. Ela estendeu seus domínios a gravadoras editoras e divulgadoras de obras de arte. Do binômio rádio e jornal passaram ao trinômio radio jornal e TV, e finalmente, agora, assumem um panteísmo, visando arrebanhar um maior numero de seguidores. Há uma luta incansável para se quantificar um numero de ovelhas, não raro cativadas por promessas de reformas das casas, embelezamentos físico corporais ou simplesmente pelo desfrute da companhia do galã do momento.

O épico “A noite dos desesperados” filme, que se tornou referencia para demonstrar como os meios de comunicação tripudiam e ganham dinheiro, às custas da miséria alheia, hoje não causaria nenhum impacto, pois, vivemos numa atmosfera de banalização da exploração cênica da miséria humana. Chegando-se ao jamais imaginado, de se programar o crime para melhor transmiti-lo pelas câmeras da mídia eletrônica. Flagrantes de subornos são montados, câmaras são instaladas às escuras para exibir às intimidades de celebridades ou as atitudes torpes de autoridades e figuras de projeção. Ganha-se dinheiro conivindo com a guerra, com o genocídio e depois, ganha-se mais dinheiro ainda fazendo-se filmes ou escrevendo livros sobre os horrores escritos a muitas mãos. Brevemente teremos filmes do tipo: a ultima das mil e uma noites em Bagdá, a morte do livreiro de Kabul ou, quem sabe, os Banqueiros de Garanhuns.

Tornou-se impossível nos tempos atuais separar-se mídia e mercado. Já não se sabe se um comentário de um órgão de comunicação tem realmente o compromisso primário de informar ou preparar o consumidor (da noticia) para um determinado beneficio ou prejuízo. Um comentário favorável a um grande conglomerado pode ser apenas um modo sutil de se aumentar a compra das ações de um determinado grupo econômico. Já não são mais especulações. Tais fatos só ganham publicidade, quando atingem dimensões tão grandes que causam crises econômicas internacionais, como a que esta ainda em evolução em todo o mundo. Entre tantos outros fatores, detectou-se um balanço forjado dos lucros de uma grande rede bancária americana.

A propaganda subliminar é impossível de ser caracterizada e, por isso, continua impune. O leitor lê numa aparentemente não pretensiosa Coluna Social – Jantando no famoso restaurante Leopardo, o grande Capitão das Siderúrgicas Ake Batismo com o Ministro da Economia da Argentina Varela Fuentes. No dia seguinte, a página de economia do mesmo jornal, anuncia que o grupo do senhor Ake Batismo, cujas atividades são basicamente siderúrgicas, pretende diversificar seu capital, investindo na indústria de estaleiros. Na mesma página do jornal, lá está um anúncio – Viaje pela Varela Fuentes. A companhia Varela Fuentes que vinha com balanços negativos será procurada vorazmente pelos apostadores da Bolsa de Valores. É claro, que o preço de venda, já foi pré-fixado. O Sr. Ake Batismo gastando uns poucos milhares de reais na “mídia independente” antes de adquirir a Varela Fuentes já aumentou o seu capital de modo incalculável.

Sumarizando, por mais que se queira negar, por mais que se valorize o aforismo de Mao-Tzé-Tung, segundo o qual “a verdade é revolucionaria”, a tão surrada máxima de Goering teima em prevalecer – “a mentira repetida várias vezes, acaba soando como verdade”. Ou, um jargão freqüentemente repetido nas redações dos jornais brasileiros – “se a lenda é mais aceita que o fato imprima-se a lenda”. A independência do comunicador seja ele, jornalista ou locutor, sempre esta limitada pelas fronteiras da sobrevivência, dentro da decantada resposta atribuída a Carlos Lacerda. Solicitado, às vésperas do Natal, a escrever um artigo sobre Jesus Cristo, perguntou ao Editor Chefe – “A favor ou contra?”.


A bolsa de Dilma

dilma

Certo dia, ou, se é que podemos assim dizer, mais um dia de trabalho árduo, a ministra Dilma Rousseff saiu para seus compromissos rotineiros como sempre muito elegante. Até ai nada de que não possamos acreditar, ou até mesmo, duvidar. Se não fosse pelo utensílio que levava logo acima de seu delicado pulso, tudo continuaria como antes, apenas mais uma mulher imponentemente chique no plenário.

Enfim, como tudo que é demais causa aparecimento demasiado, nossa ministra foi flagrada por paparazzis espiões com uma linda bolsa “Kelly”, nome em homenagem a icônica Grace Kelly, da marca francesa Hermés. Nada seria tão assustador a ponto de tal discussão se o valor desse pequeno mimo não somasse o equivalente ao salário da ministra, algo como, em cifrões R$10 mil reais.  

Logo então, depois das especulações tanto de veículos do mundo da moda como os do mundo de gente bem mais grande e séria, quer dizer, nem tanto vai, da política, a assessoria de Rousseff insistiu em afirmar primeiro que, a bolsa da ministra era um modelo falsificado. O que cá entre nós, não soou nada melhor do que gastar seu salário inteiro com a linda bolsa. E como os mais entendidos do assunto não caíram nem um pouco nesse papo furado, mais uma vez, a assessoria relutante, surgiu então com a nova desculpa de que a bolsa é de uma outra marca, a italiana Francesco Rogani, e que o nome da réplica legalizada seria Kekky em homenagem a sua inspiração primária.

Enquanto isso, nós brasileiros estamos a espera da verdade onipresente e do caso assombroso de que a ministra é apenas mais uma mulher, e uma mulher com gostos refinados e desejos caros.

É Dilma, se cuida com essa BOLSA FAMÍLIA!

By Giovanna Assef e Jéssica Cegarra